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  • Foto do escritorJanete Dias

Meus filhos cresceram, e agora?


A relação estabelecida com os filhos requer uma acentuada concentração de energia. A dedicação envolve os cuidados com a saúde, higiene, educação e a inserção social deste filho. Existe por parte dos pais um grande investimento de atenção, de afeto, de dinheiro, de expectativas, que deve ser administrado frequentemente e transformado de acordo com as reais necessidades da criança ou adolescente.

O filho cresce e, consequentemente, suas necessidades se modificam. Na medida em que se desenvolvem, amadurecem e se "espalham pelo mundo".

O que seria isto?

Na verdade esta necessidade de expansão e de independência é um processo que se inicia já no momento do parto. A criança passará de uma dependência total para uma gradativa independência e, na medida em que isto ocorre, a relação tende a se transformar também gradativamente. Este processo atinge seu auge na adolescência.

Os filhos adolescentes buscam o fortalecimento da sua identidade. Este é o grande dilema da adolescência. A identidade tem como centro as características pessoais somadas aos valores familiares e aos valores sociais. É através destas experimentações, do confronto entre estas várias possibilidades que o adolescente vai fortalecendo cada vez mais, seus próprios valores. Portanto, é necessário, desde cedo, possibilitar que façam as escolhas necessárias.

E como ficam os pais diante deste turbilhão?

Este é um momento difícil para os pais: sair do papel central e permitir cada vez mais a independência dos filhos. Independência esta que requer, é claro, assumir as conseqüências dos próprios atos. Esta é uma grande dificuldade: saber deixar os filhos serem responsáveis por suas atitudes. Muitos pais libertam os filhos mas pegam para si as conseqüências das atitudes deles, muitas vezes acobertam suas infrações ou resolvem por eles os problemas, esta atitude não o tornam verdadeiramente independentes.

Contudo, apesar de todas estas dificuldades da passagem da infância para a fase adulta, a cada momento que se acompanha a trajetória dos filhos se tem a possibilidade de transformação, de reflexão sobre a própria existência, sobre a importância de determinados valores. Para tanto é necessário que se tenha humildade e flexibilidade de se perceber imperfeito e de observar as várias possibilidades de ser e de estar neste mundo.

Poder abrir mão de velhos conceitos e fortalecer aquilo que de fato tem valor é a principal tarefa que impõe a adolescência e a juventude dos filhos.

"Adolescer" é uma dádiva que a poucos pertence e só é possível quando se olha sem preconceitos e com flexibilidade para estas novas possibilidades.

Poder "abrir mão dos filhos" e liberta-los é imprescindível. Permitir que eles possam sair e voltar para o aconchego do lar é também demasiadamente importante.

Cabe aos pais seguirem sua própria vida, muitas vezes esquecida em função da dedicação aos filhos e à família. Preencher-se com as próprias necessidades e não projeta-las nos filhos é uma atitude que requer prática e atenção constante. Os filhos não têm possibilidades de atender a tais expectativas.

A família consegue caminhar unida e feliz quando as diferenças são respeitadas, quando o olhar é verdadeiro e limpo ao máximo das projeções. Este é um exercício diário que devemos executar ao longo de nossas vidas.

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